Por Dr. Juliano C. Ludvig
Médico, Especialista em Gastroenterologia

As doenças inflamatórias intestinais (DII), como a Doença de Crohn (DC) e a Retocolite Ulcerativa (RCUI), são condições crônicas que afetam principalmente o trato gastrointestinal, mas cujos efeitos podem se estender a vários aspectos da saúde reprodutiva e materna. À medida que mais pessoas em idade reprodutiva são diagnosticadas com essas condições, torna-se crucial compreender as interações entre a DII e a saúde reprodutiva, especificamente em relação à gravidez, fecundação, fertilidade e amamentação.

Mulheres com DII enfrentam desafios únicos durante a gravidez, pois a atividade da doença pode afetar adversamente tanto a saúde da mãe quanto o desenvolvimento fetal. É essencial que a gravidez seja planejada e ocorra durante um período de remissão da doença, sob tratamento adequado, para garantir melhores resultados. O manejo da medicação e o controle rigoroso da doença são fundamentais para assegurar um ambiente gestacional seguro e saudável.

A fertilidade pode ser afetada em pacientes com DII, principalmente em casos de doença ativa ou em decorrência de cirurgias relacionadas à DII, como a colectomia (cirurgia no intestino grosso). Em homens, certos medicamentos utilizados no tratamento das DII podem impactar a qualidade do esperma. Portanto, uma avaliação da saúde reprodutiva e ajustes na medicação são recomendados para casais que desejam conceber.

A interação entre DII e saúde reprodutiva é complexa e exige uma abordagem multidisciplinar, envolvendo gastroenterologistas, obstetras, nutricionistas e farmacêuticos, para garantir que a gestão da doença seja otimizada durante esse período crítico da vida. A compreensão detalhada desses aspectos permite uma melhor orientação e suporte aos pacientes, assegurando não apenas a saúde da mãe, mas também o desenvolvimento saudável do bebê.

Dr. Juliano C. Ludvig é Médico, Especialista em Endoscopia Digestiva pela Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva – SOBED e Especialista em Gastroenterologia Clínica pela Federação Brasileira de Gastroenterologia – FBG. É Coordenador Regional da ABCD - Associação Brasileira de Colite e Doença de Crohn. É Membro Titular do GEDIIB - Grupo de Estudos das Doenças Inflamatórias Intestinais no Brasil. É Chefe do Setor de Gastroenterologia do Hospital Santa Isabel e Presidente do Centro de Estudos do mesmo hospital. Tem Residência Médica em Clínica Médica no Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo e Residência Médica em Gastroenterologia no Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo. Também é International Member of the American College of Gastroenterology e International Member Of the ECCO - European Crohn’s and Colitis Organization.